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quarta-feira, 3 de março de 2010

Palm Beach. Eu me meto em cada uma! Último capítulo.







Na quarta semana, vi que não dava pra continuar.
Impossível pra mim, conviver com gente tão diferente. Tudo bem, era só um trabalho mas acabava sendo uma convivência e, chega uma hora, que você pensa: "Peraí, eu trabalho pra ganhar uma grana e ser o mais feliz possível e aqui só tá rolando a grana".

Não ia começar a frequentar uma Igreja Evangélica só por falta de opção. Seria, não só injusto, como meu saco explodiria no segundo culto. Um, tudo bem, segurei a onda, mais que um, é pedir muito. Como diz minha amiga francesa: "Já vi horrores suficientes na guerra".

E como falar com a dona patroa que tava cascando no serrado?
Porque, pro empregador, você tá pegando o boi com chifre e tudo.
Casa tranquila, ela na rua o tempo todo, não me enchia o saco, ar-refrigerado, podia comer o que quisesse e quanto quisesse, cama no meio do quarto, sem medo ou perigo de acionar o alarme... Mas, e eu? E a conversa que gosto tanto ? E os amigos? E sair na rua, ver pessoas, ajudar uma pessoa idosa a atravessar o sinal, fazer compras no supermercado, discutir com o cara que vende o peixe, se abrigar embaixo de uma marquise esperando a chuvar passar, reclamar que as verduras ou legumes esse ano tão pela hora da morte, parár na banca de jornais e ler todas as manchetes dos jornais e revistas e ficar sabendo, antes do autor, o final das novelas, parár pra ver crianças se divertindo num parque, brigar com o trocador do ônibus porque ele não te deu o troco certo, ser quase atropelada na rua por um filho da mãe que avançou o sinal, parár pra olhar uma vitrine cheia de coisas que não estou precisando em absoluto, encontrar casualmente com um amigo na rua e colocar os causus em dia, sair cedinho pra comprar um pão fresquinho pra tomar com café com leite e manteiga com sal, ao invés de manteiga de amendoim - Deus que me livre e guarde de tão ruim - que só não é pior do que mel? Enfim, viver, respirar e não ficar comprando tudo pelo telefone, com um mané que entrega, coloca tudo na despensa e, ainda, no lugar, pra você. Isso é vida? Pode ser que, pra muitos, seja, mas eu tô fora.

Conversei com a dona maria, disse que era tudo muito lindo naquele Shangrilá, naquela Ilha da Fantasia, mas ficar apagando e acendendo luz e endireitando vaso de planta não era meu sonho de vida. Nasci pra ralar, pra produzir, ver o fruto do que plantei, ajudar amigos, rir, aproveitar a vida.

Ela não achou graça nenhuma, não entendeu, ficou até meio brava, afinal, devia ter feito o seu máximo, até me buscar de Jaguar no aeroporto ela buscou e, eu, a ingrata, cuspindo no Jaguar que andei.

E, quase que me esqueço do melhor, sem maldade mas, que foi engraçado, lá isso foi! Tinha vários coqueiros no estacionamento e, ela, como entrava e saía toda hora, deixava o carro lá fora. Eu disse, eu avisei : "Uma hora vai cair um coco em cima desse felino". Dito e feito! Eita boca!
E não é que, tibum? Não caiu só um, caíram dois cocos, um deve ter empurrado o outro e fizeram um fundo interessante na cacunda da fera, parecia uma mulher com peito embutido. Mas não falei nada, tipo: "Bem que eu avisei!" Ela, nem aí. Aquele carro foi pra oficina e tirou um outro de, não sei onde - como eu disse, não cheguei a conhecer a propriedade toda. Além da falta de curiosidade, juntava com a falta de saco - e continuou o baile.

Peguei meu salário - que ela me entregou com a cara emburrada - a minha amiga dominicana me deu uma carona e fui, linda, loira e feliz pro aeroporto; não de Jaguar, mas numa daquelas banheiras americanas, enormes, rabo de peixe, que pobre adora comprar assim que chega no Eldorado do Obama.

Deixei pra trás a pobre menina rica, que - imagino - hoje deve estar dando trabalho prum analista.

Voltei pra NY toda feliz. Pro meio da confusão. Que adoro !
E quem quiser que conte outra.

terça-feira, 2 de março de 2010

Palm Beach. Eu me meto em cada uma ! - Parte 3


A casa tinha um sistema de alarme - hoje comum em qualquer cafofo no Brasil - mas, na época, eu me sentia trancafiada em Guantánamo . Aí vocês vão dizer: "Por que não Carandirú?" Dãnnn...

Fui alertada, avisada, apavorada, ameaçada pela patroa, quanto ao serviço de segurança. Não me lembro a que horas mas, na hora X, a coisa ligava automaticamente e, daí pra frente, se alguém encostasse em uma janela ou porta externa ou respirasse mais profundamente, o FBI da Flórida apareceria armado até os dentes em um minuto.
Agora, pensem bem na pobre da minha pessoa. O pavor da noite !
A primeira coisa que fiz, foi colocar minha cama no meio certo do quarto, porque o lugar dela era perto de uma janela e, vai que eu dormindo, desse um pontapé na janela, tava no sal. Logo eu, que durmo tão quieta, que até tenho "dormensa" por não mudar de posição. Mas, diante do pânico, melhor prevenir.
E eu tinha pesadelos por conta dessa coisa. E, nos sonhos, sempre tinha que sair dali correndo, mas o alarme não poderia soar. Peleja!

E lá vou eu achando cada vez mais estranho tudo aquilo.

No terceiro ou quarto dia que eu tava lá, o casal foi viajar, sei lá pronde. Velejar, iatar, sei não, alguma coisa na água. E me deixou responsável pelo embondo. Pode? Nunca tinham me visto mais gorda, aquela casa cheia de tudo, uma criança, e eu responsável.
Devo mesmo ter cara de criatura confiável. Todo mundo confia em mim, me conta segredos e confidências, mesmo que eu diga, pelo amor de Deus, que não quero saber. Contam assim mesmo.

E fiquei com o comando da tropa.
Conversava com o povo - 99% de origem hispânica - fiquei sabendo da vida de cada um, das famílias, sonhos.

Foi aí que me tornei amiga da dominicana; era divorciada e tinha duas filhas adolescentes. Era evangélica e adorava música e dançar.

O primeiro domingo de folga, saí pra dar uma reconhecida na região. Parecia cidade fantasma. Não sei se por ser domingo, mas nunca vi ninguém. Nunca vi um vizinho.
Todos andam de carro, com vidro fechado por conta do calor, vai cada um pegando sua alameda, e somem no meio dos jardins. Nem criança pegando o tal ônibus amarelo; nunca vi uma sequer.
Fui andando até a praia, uns três quarteirões, crente que ia dar uma caminhada pela areia, molhar os pezinhos, refrescar.
Sonho meu!
Não consegui chegar até o mar, todas as casas tinham portões com cadeado no caminho pra praia. Particular. Só faltava a placa: "Se passar desse portão, leva bala."
Andei um bom pedaço pela avenida beira-mar, caçando uma brecha e desisti. Voltei. Mais tosco que isso foi ir à praia na Grécia, pagando, com roleta e tudo; tenho foto (depois conto esse causu).

E continuei achando....

No terceiro domingo, a dominicana me convidou pra almoçar na casa dela. Deus seja louvado! Eu iria com ela, depois que ela terminasse o trabalho na sexta porque, naquele fim de mundo, quem não tem carro não sobrevive. Tipo eu.
Só tinha um pobreminha : ela ia à igreja, ao culto. Topei na hora! Mais uma semana naquele lugar, eu ia pirar o cabeção (mais do que já é). Achei o programa fantástico !
E fui.
O povo todo com roupa de ver Deus porque, americano pra ir à igreja, se apronta mesmo. Levam a coisa a sério. Não é essa lambança nossa não. Povo todo nos trinques. E eu lá.
Assisti a tudo e depois fomos pra casa dela.
O oposto, evidentemente , West Palm Beach, naturalmente. Casa simples, estilo classe média americana. Tudo igual ! Conheceu uma casa, viu todas, mas muito acolhedora. As garotas foram simpáticas comigo. O dia foi só alegria !

Foi o único dia que não achei aquilo tudo muito estranho.
Amanhã, entro na quarta e última semana dessa aventura. E findo. Inté !

segunda-feira, 1 de março de 2010

Palm Beach. Eu me meto em cada uma! - Parte 2


... e comecei a trabalhar, quer dizer, ficava peruando pela casa vendo o que a criadagem fazia.
Me apresentaram a uma despensa - um cômodo do tamanho da minha sala - que eu precisava manter atualizada, tipo, não deixar faltar nada. Antes da caixa de Coca se acabar na geladeira, já deveria ter, pelo menos, mais duas na boca de espera (um exemplo).

Toda manhã, acompanhava a garota até a porta da rua - uns 5 minutos de caminhada - e ficava com ela esperando aquele ônibus amarelo, que viria buscá-la. E, à tarde, repetia a cena e vínhamos conversando.

Era uma criança super solitária. Em casa, durante o tempo que estive lá, não vi nem a mãe nem o padrasto falar com ela, a não ser pra dar alguma ordem. Nunca ouvi perguntarem sobre a escola; nada. Comia sozinha, comigo, todos os dias e os pais comiam no quarto. A cozinha era meio que de enfeite; tinha de um tudo mas quase nada era usado. Vários aparelhos de jantar, jogos e mais jogos de talheres e louças e panelas e o cacete. Tudo lustrado e encerado. Nada usado. Comiam o que pediam pelo telefone, mas eu sempre fazia alguma coisa interessante pra mim e a menina comia comigo. No almoço, a patroa comia fora e ele não sei se comia; gritava ao telefone.

Falando assim, até parece que não eram gentis comigo, pelo contrário, muito educados e não tenho reclamação quanto a isso. Aliás, reclamação quanto a nada, só penso que é um tipo de vida que curuz credo Ave-Maria. Vocês devem estar entendendo. Ai emi auti !

Pensando bem, teve uma coisa interessante que aprendi com essa família figurinha premiada, quer dizer, aprendi com a dona da casa, e faço uso na minha casa.

Todo santo dia, eu começava a acender tudo que era luz, abajur, luminária, luzes dos quadros, pátio, jardins, piscina, tudo, à uma hora X.
Tinha tanta coisa pra acender que, quando terminava, já tava quase na hora de apagar aquela porra toda. Eu parecia o Pequeno Príncipe no Quinto Planeta. Segundo a donamaria, a casa não podia sentir que a noite tinha chegado, assim abruptamente, de súbito. Iluminava-se a casa enquanto era dia e, quando se fizesse noite, nem teríamos sentido a escuridão cair. Ai Jesuis! Então tá então! Mas não é que essa idéia é interessante mesmo? Depois disso, passei a acender minhas 3 luzes, enquanto está escurecendo e fica simpático não estar de repente tateando no escuro. Experimentem !

A Flórida é quente pra cacete mas, o ar refrigerado central, era gelado. Quando eu ia lá fora fazer alguma coisa, levava o maior susto com o bafo-quente. Me esquecia do calorão.

Banheiros - Cada membro da casa tinha seu banheiro. Enoooorrrme! O da donamaria era o campeão. Tinha uma bancada com, não sei quantos, frascos de perfume. Notava-se que era uma "nouvelle riche" - nova rica - porque, a princesa, por exemplo, da nobreza, era aquele tipo fiel há um só perfume por toda a vida.
O detalhe que mais me deixou pasma, no quesito banheiro, foi o seguinte :
Todo santo dia eu tinha que colocar 12 toalhas - claro que todas idênticas - no banheiro dela e do dono da casa: três de banho enormes; três que, pra mim, seriam de banho mas eram pros cabelos; outras 3 menores - mas também grandes pra cacete - e outras três pequenas, tipo pras mãos e rosto ou, sabe-se Deus, pra quê. Fora os pisos.

E, acreditem se quiser : usando ou não, todas iam pra máquina de lavar depois do banho "dos madamos." Todas. Dia seguinte, tudo de novo.

A dominicana - que ficou minha amiga - era a lavadeira e, quando a patroa não estava em casa, guardava as limpas no armário. Achava um absurdo aquilo ! Imagine eu!

E comecei a achar aquilo tudo meio muito pra mim.

Um dia, passando pela piscina, ela me chamou.
Estava tomando sol quiném uma lagartixa; seca, verde de brancura e cheia de óculos e chapéu enorme. Pediu se eu podia fazer um favor. Seria favor porque, o trabalho era do jardineiro mas ele já tinha ido embora e tinha um vaso na beira da piscina que tava fora do lugar "me incomodando" - disse ela, então perguntou se eu poderia puxar pro lugar certo. "Claro que posso! Onde a senhora quer que coloque?" Ela, deitada, falou: "Puxe um pouco pra direita". Ok. Puxei. "Mais um pouco" - tipo cinco centímetros, juro por Deus - "mais pra esquerda" - três cm pra direita, pra esquerda, pra frente, pra direita e, quando ela disse, que "agora ficou ótimo" o vaso continuou no mesmo lugar que tava.

E continuei a achar aquilo tudo meio muito pra mim.

Cada armário que eu abria pra procurar algo, tinha sapatos dela. Às vezes, quatro ou cinco pares idênticos. Escarpam, por exemplo, todos pretos ou vermelhos ou verdes. Americano ama sapato verde. Fui ficando intrigada com aquela Imelda americana e, um dia na moita, resolvi contar. Não me esqueço até hoje, parei no 356º, porque enchi o saco e comecei a me sentir ridícula contando sapatos. Deixei vários armários sem abrir. Entre tudo que contei, só tinha um par de tênis branco, liso, baixinho, sem absolutamente enfeite algum, a não ser os cordões.

E continuei a achar que aquilo tudo tava sendo meio muito pra mim.

Continuo a saga amanhã (se é que tem alguém ainda interessado nessa história.... rs).

sábado, 27 de fevereiro de 2010

Palm Beach. Eu me meto em cada uma !











Tenho uma sobrinha que diz: "Pessoa mais desnecessária!" A expressão diz tudo e vem a calhar com o causu que vou contar.
Tem pessoas que passam pela vida da gente e não deixam absolutamente nada, ou, pra não ser muito injusta, quase nada.

Estava morando e trabalhando em NY, quando um amigo me falou que uma cliente dele estava procurando alguém pra trabalhar pra filha dela que morava na Flórida, em Palm Beach. Eu já logo pensei : "Povo com muita grana não é fácil", mas, como sou chegadinha numa aventura, não conhecia essa parte do país, pagavam bem e o trabalho seria coordenar o povo que se ocupava da casa - jardineiro, arrumadeira, passadeira e tudo que termina em eira - lá fui.

Passagem paga pela futura patroa e ela mesma, em pessoa, iria me buscar no aeroporto. Isso queria dizer das duas uma: ou que eu deveria considerar isso uma honra ou o bicho tava pegando pro lado dela, então, ela ia pessoalmente até o cativeiro pra ter certeza que a caça não lhe escaparia.

Não me lembro como, mas devia de ter algum código e ela me reconheceu logo que apontei no aeroporto.

Magrela, daquelas que só come 1 ovo por dia, 1 folha de alface e chupa uma pedrinha de gelo de sobremesa. E veio com o marido, grandão, falando grosso e alto - tipo estranho.

E fomos pro estacionamento. Foi a primeira e última vez que andei num Jaguar, rastando no chão de tão baixinho. E foi também a primeira vez que me sentei num carro e o cinto correu pra me abraçar - xilápiti! - levei um susto, mas não disse nada porque ele também abraçou os outros dois passageiros.

E fomos fondo.

Existem dois Palm Beach: o Palm Beach dos ricos e o West Palm Beach, que é onde moram os latinos pobres que trabalham pros ricos do Palm Beach dos ricos. Eita país interessante esses EUA !

Sabe aquelas casas que a gente vê em filme que, saindo da rua, entramos com o carro num caminho ( que em filme se chama "alameda" ) lindo até chegar na casa láááaaa no fundo ? Pois é ! Era assim. A minha cara, né? Eu me meto em cada uma! Trabalhar com princesa, povo rico americano... nada a ver comigo.

Tinha uns quatro ou cinco carros estacionados no pátio largo em frente à casa e pensei até que poderia ser alguma reunião, sei lá, aniversário, mas não era não. Um carro era da dominicana que ficou minha amiga, que ia todos os dias só pra se ocupar da roupa do povo e da casa. Tinha um carro do jardineiro, outro do mané que limpava a piscina, outro de um que tava arrancando folhas das palmeiras, sei lá Deus porquê, enfim, tinha acho mais um ou dois que não me lembro de quem eram.

Ela me apresentou aos meus aposentos... Não meus senhores e senhoras, não era um simples quartinho, eram aposentos. Naqueles tempos - que já estão bem distantes - a minha TV deveria ter umas 40 polegadas e ficava na minha salinha, antes do quarto. Um luxo! Um apartamentinho super simpático.

Era o casal - soube logo que eram recém-casados, ele bem mais velho que ela - e uma filha dela, que tinha 10 anos. Ela tinha outra filha mais velha que não cheguei a conhecer.

O moço tinha mina de diamantes na África e falava com o continente africano, pelo telefone, o dia intirim. Falava alto pra cacete - talvez as ligações não fossem boas - e fazia muita careta pra falar. Eu não podia olhar pra ele, senão ia rir muito. Peleja !

Não sei se cheguei a conhecer a casa toda e arredores, porque só fiquei um longo mês por lá.

Continuo essa história amanhã. Foi só um mês, mas deu pra rir muito. Nunca me deparei com tanta futilidade e bobeira na minha vida.

Dinheiro pra mim não é tudo mesmo! Caí fora.

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